04/02 - Joana de Valois nasceu aos 23 de abril de 1464 no castelo Plessis les Tours, filha de Luiz XI, rei da França e da rainha Carlota de Savóia, esta irmã do bem-aventurado Amadeu IX. Luiz, que ansiosamente esperava pelo nascimento de herdeiro do trono, não disfarçava o seu desapontamento, ainda mais quando soube que a criança nasceu coxa e feia.
Por uma ordem despótica do rei a menininha foi afastada da mãe e tendo 5 anos, confiada aos cuidados de uma senhora fidalga, que no castelo de Lumieres dispensou a princesinha uma educação primorosamente católica.
Joana, tendo chegado à idade de 12 anos, foi casada com seu primo, duque de Orleans, que apenas 14 anos contava e segredo não fazia da profunda antipatia em que tinha sua noiva.
O casamento foi celebrado aos 8 de setembro de 1476 no castelo de Monrichard, na presença do bispo de Orleans.
Não tardou que Joana recebesse ordem de seu pai para retornar ao castelo de Lumieres. Em bem pouco tempo se convencera da impossibilidade de convivência com um marido dissoluto e perverso. Com tanta maior dedicação entregou-se a exercícios de piedade e obras de caridade, tudo em completa conformidade com a santa vontade de Deus.
Tendo um dia notícia da grave enfermidade do seu esposo, pressurosa correu para junto dele em Bourges, oferecendo-lhe caridosamente sua assistência de solícita enfermeira. Colheu, porém, declarada ingratidão, no meio de insultos e declarações injuriosas, que, em suportá-las, deu exemplo e provas de paciência heróica e humildade.
Em 1483 faleceu o rei Luiz XI e sucedeu-lhe seu filho Carlos VII. O duque de Orleans, marido de Joana, repudiou-a e fez anular canonicamente o seu casamento com ela, para se consorciar com Ana, filha do duque de Bretanha. Joana suportou também essa insolente injustiça com serenidade de nobre e cristã.
Efetivamente o matrimônio de Joana com o duque de Orleans foi pelo Papa Alexandre VI declarado nulo e Joana ficou com a administração do ducado de Berry, que o rei lhe havia deixado.
Quando se podia crer que tudo havia terminado para Joana, tudo começou. O seu reino temporal em acabar, estava preparado para o espiritual. Pondo-se a serviço do povo, irrestritamente trabalhou para sua própria santificação, sob a direção de São Francisco de Paula, Joana era devotíssima a Nossa Senhora e como uma das primeiras figuras entre as veneradoras do puríssimo Coração de Maria, cujo imenso amor ao gênero humano lhe foi revelado em uma celestial visão.
Livre de outras obrigações, Joana sentia em seu coração ressurgir a idéia e o desejo afagado desde a infância de fundar uma Congregação às virtudes da SS. Virgem. Pôs mãos à obra e deu à Igreja a Ordem das “Monjas da Bem-Aventurada Virgem Maria, ditas da Anunciata”, cuja Regra ela mesma elaborou, a qual teve a aprovação dos Papas Alexandre VI e Leão X. No dia de Pentecostes 1504 as primeiras monjas desta nova ordem pronunciaram votos. A fundadora construiu um convento para a Ordem por ela fundada e nela, como simples religiosa, entrou.
Depois de uma existência cheia de sacrifícios, provações e sofrimentos, mas não menos de uma vida de oração, Joana faleceu em 4 de fevereiro de 1503, na idade de 41 anos. Pessoas de sua intimidade, afirmaram terem visto a cabeça da falecida rodeada de uma luz misteriosa. O seu túmulo Deus o glorificou com muitos milagres. O povo tinha Joana em veneração de Santa.
Nas perseguições religiosas no século 16 seu túmulo foi profanado. Fanáticos queimaram o corpo da Santa e atiraram com as cinzas ao ar.
A Congregação das Anunciatas se espalhou pela França, pela Bélgica e pela Inglaterra.
Beatificada por Pio VI, em 1775, em 1950, por ocasião do Ano Santo, o Papa Pio XII elevou-a às honras dos altares, canonizando-a. Sua festa é celebrada em 4 de fevereiro.