quinta-feira, 14 de março de 2013

Santa Matilde



14/03 - Matilde era filha de nobres saxões. Nasceu em Westfalia, por volta do ano 895 e foi educada pela avó, também Matilde, abadessa de um convento de beneditinas em Herford. Por isso, aprendeu a ler, a escrever e estudou teologia e filosofia, fato pouco comum para as nobres da época, inclusive gostava de assuntos políticos. Constatamos nos registros da época que associada à brilhante inteligência estava uma impressionante beleza física e de alma. Casou-se aos catorze anos com Henrique, duque da Saxônia, que em pouco tempo se tornou Henrique I, rei da Alemanha, com o qual viveu um matrimônio feliz por vinte anos.

Foi um reinado justo e feliz também para o povo. Segundo os relatos, muito dessa justiça recheada de bondade se deveu à rainha que, desde o início, mostrou-se extremamente generosa com os súditos pobres e doentes. Enquanto a ela assistia à população e erguia conventos, escolas e hospitais, o rei tornava a Alemanha líder da Europa, salvando-a da invasão dos húngaros, regularizando a situação de seu país com a Itália e a França e exercendo ainda domínio sobre os eslavos e dinamarqueses.
 
Havia paz em sua nação, graças à rainha, e por isso, ele podia se dedicar aos problemas externos, fortalecendo cada vez mais o seu reinado.

Mas essa bonança chegou ao fim. Henrique I faleceu e começou o sofrimento de Matilde. Antes de morrer, o rei indicou para o trono seu primogênito Oton, mas seu irmão Henrique queria o trono para si. As forças aliadas de cada um dos príncipes entraram em guerra, para desgosto de sua mãe. O exército do príncipe Henrique foi derrotado e Oton foi coroado rei assumindo o trono. Em seguida, os filhos se voltaram contra a mãe, alegando que ela esbanjava os bens da coroa, com a Igreja e os pobres. Tiraram toda sua fortuna e ordenaram que deixasse a corte, exilando-a.

Matilde, triste, infeliz e sofrendo muito, retirou-se para o convento de Engerm. Contudo, muitos anos mais tarde, Oton e Henrique se arrependeram do gesto terrível de ingratidão e devolveram à mãe tudo o que lhe pertencia. De posse dos seus bens, Matilde distribuiu tudo o que tinha para os pobres.

Preferindo continuar sua vida como religiosa permaneceu no convento onde, depois de muitas penitências e orações, desenvolveu o dom das profecias. Matilde faleceu em 968, sendo sepultada ao lado do marido, no convento de Quedlinburgo. Logo foi venerada como Santa pelo povo que propagou rapidamente a fama de sua santidade por todo mundo católico do Ocidente ao Oriente. Especialmente na Alemanha, Itália e Mônaco ainda hoje sua festa, autorizada pela Igreja, é largamente celebrada no dia 14 de março.

quarta-feira, 13 de março de 2013

São Rodrigo


13/03 - A história do mártir São Rodrigo chegou até nós graças ao seu contemporâneo Santo Eulógio, que, baseado ou em conhecimento próprio ou na palavra de testemunhas oculares, escreveu as atas de todos aqueles que pereceram antes dele na perseguição em que, ele, Eulógio, deu a vida (11 de março de 859 A.D). Cumpre reconhecer que tais atas deixam uma impressão desfavorável quanto ao procedimento geral dos cristãos dessa época na Espanha moura. As famílias viviam divididas, a apostasia era coisa comum, e os próprios mouros, escandalizados com a infidelidade dos cristãos, lançavam-lhes em rosto o relaxamento em que eles, cristãos, viviam. Nada pois de admirar que Eulógio começasse o seu livro com as palavras: “Nesses dias, por um justo juízo de Deus, a Espanha foi oprimida pelos mouros”. A história de São Rodrigo pode servir como ilustração disso.

O mártir era sacerdote de Cabra em Córdova, e teve dois irmãos, dos quais um tornara-se muçulmano enquanto o outro era um mau cristão que praticamente abandonara a fé. Certa noite, os dois irmãos puseram-se a discutir com ardor um com o outro, e com tamanho ódio que acabaram se esmurrando. Rodrigo correu para separá-los, mas eles voltaram-se contra Rodrigo, e o espancaram até o ponto de o deixarem caído sem sentidos. Diante disso, o muçulmano mandou colocarem Rodrigo numa padiola e o levarem pelas ruas, enquanto ele próprio caminhando ao lado ia gritando que Rodrigo havia apostatado e queria que, antes de morrer, fosse publicamente reconhecido como muçulmano. A vítima achava-se muito sem forças para falar, mas sentia uma profunda angústia. Desse modo, tão logo recobrou o uso das pernas, bateu em retirada.

Não muito depois, encontrando Rodrigo numa das ruas de Córdova, o irmão muçulmano o arrastou até à presença do cádi (magistrado muçulmano) e o acusou de retornar à fé cristã depois de se ter declarado muçulmano. Rodrigo negou indignadamente que algum dia houvesse abandonado a religião cristã. O cádi, no entanto, não acreditou em Rodrigo e o lançou numa das piores masmorras existentes na cidade. Nesse lugar, Rodrigo encontrou um outro prisioneiro, chamado Salomão, que fora preso pelo mesmo motivo. Os dois encorajaram-se mutuamente durante o longo incômodo encarceramento, que, segundo esperava o cádi, os faria desanimar. Como permanecessem inflexíveis, os dois foram separados; mas, quando nem isso deu resultado, foram condenados e decapitados a 13 de março de 857 A.D.

Santo Eulógio, que viu seus corpos expostos junto ao rio, informa que os guardas lançaram na corrente de água as pedras tintas com o sangue dos mártires, a fim de que o povo as não apanhasse para guardar como relíquias.

terça-feira, 12 de março de 2013

São Luiz Orione


12/03 - São Luiz Orione nasceu no dia 23 de Junho de 1872, morrer 12 Março de 1940. Na década de 80 foi sagrado Beato Luiz Orione, e em 16/05/2004 canonizado por João Paulo II. Viveu 68 anos. Seus pais, Catarina Feltri e Giovanni Orione, o educaram a oração, ao estudo e ao trabalho. Logo desabrochou a vocação para o altar. Ainda menino entrou para o Convento de Frades menores em Voghera. Acometido por fulminante pneumonia, chegou à beira da morte.

Sua frágil saúde não agüentava a vida dura de São Francisco. Voltou para casa e ficou alguns meses sendo sucessivamente recebido por Dom Bosco no Oratório Salesiano de Valdocco, em Turim. Em janeiro de 1888 assistiu à santa morte de seu grande Mestre Dom Giovanni Bosco. No ano sucessivo deixava o Oratório Salesiano, abençoado pelo reitor maior Dom Miguel Rua, e entrava no Seminário diocesano de Tortona para cursar Filosofia e Teologia.

O fascínio de Dom Bosco continuava irresistível. Sente o problema da garotada desamparada, solta nas ruas. Jovem clérigo lança os alicerces de uma Congregação religiosa, começando com um oratório festivo nos moldes do inesquecível Mestre Dom Bosco, que um dia lhe tinha falado: “Nós seremos sempre amigos”. Com a autorização de seu Bispo Mons. Igino Bandi, abriu o primeiro oratório festivo em Tortona, abençoado solenemente em 1893, quando tinha 21 anos. Logo adquiriu uma casa em aluguel para meninos sem recursos, englobando adolescentes com sinais de vocação à vida consagrada. Mons. Bandi concebeu que os clérigos Carlo Sterpi (depois seu primeiro sucessor) e Paolo Albera (depois Bispo de Mileto) o auxiliassem.

A nova congregação começava a se esboçar. Em 1895, o Clérigo Orione era ordenado sacerdote, rezava sua primeira missa entre seus jovens, exultantes. Paulatinamente, a obra da Divina Procedência despontava, crescia. As vocações apareciam, alvorece animador para abrir casa de educação, assumir paróquias, ate missões, em diversas regiões do mundo. Marcante a sua presença caridosa nos desastrosos terremotos calabro-siciliano (1908) e da Marsica (1915). Amigo de S. Pio X, exerceu ação medianeira entre aquele Santo Pontífice e muitos modernistas. Na idade madura, abriu os braços aos pobres mais pobres, físicas e intelectualmente incapazes, encaminhando à fundação de casas de caridade, que ele chamou de Pequeno Cotolengo.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Santa Flora


11/03 - Os mártires são verdadeiros luzeiros que nos iluminam com a luz de Cristo e nos chamam ao testemunho radical da fé. Santa Flora, nascida na cidade de Córdoba, foi uma portadora desta Luz do Mundo, por isso recordamos neste dia o seu testemunho.

Na época de Flora, os cristãos estavam sendo duramente perseguidos por fanáticos árabes, que defendiam uma "Guerra Santa de Maomé", onde se buscava destruir o culto a Cristo.

Ela aprendeu da família, o amor e a fidelidade ao Cristo, e carregava consigo o testemunho de santidade de seu irmão mártir; desta forma, ao ser pega pela segunda vez, acabou jogada numa prisão, interrogada e até torturada, mas como não abandonava a fé no Deus Vivo, foi condenada à morte.

Um padre santo que visitou Flora na cadeia, testemunhou: "Eu toquei com minhas mãos nas cicatrizes de sua cabeça e de seu rosto desfigurado pelo sofrimento". Santa Flora viveu no século IX, com firmeza e na alegria da fé, de quem receberia, como de fato conquistou, a Vida Eterna.

domingo, 10 de março de 2013

Os quarenta santos mártires de Sebaste


10/03 - O martírio dos quarenta legionários ocorreu no ano 320, em Sebaste, na Armênia. Nessa época foi publicada na cidade uma ordem do governador Licínio, grande inimigo dos cristãos, afirmando que todos aqueles que não oferecessem sacrifícios aos deuses pagãos seriam punidos com a morte. Contudo se apresentou diante da autoridade uma legião inteira de soldados, afirmando serem cristãos e recusando-se a queimar incenso ou sacrificar animais. Para testar até onde ia a coragem dos soldados, o prefeito local mandou que fossem presos e flagelados com correntes e ferros pontudos.

De nada adiantou o castigo, pois os quarenta se mantiveram firmes em sua fé. O comandante os procurou então, dizendo que não queria perder seus mais valorosos soldados, pedindo que renegassem sua fé. Também de nada adiantou e os legionários foram condenados a uma morte lenta e extremamente dolorosa. Foram colocados, nus, num tanque de gelo, sob a guarda de uma sentinela. A região atravessava temperaturas muito baixas, de frio intenso. Ao lado havia uma sala com banhos quentes, roupas e comida para quem decidisse salvar a vida. Mas eles preferiram salvar a alma e ninguém se rendeu durante três dias e três noites.

Foi na terceira e última noite que aconteceram fatos prodigiosos e plenos de graça. No meio da gélida madrugada, o sentinela viu uma multidão de anjos descer dos céus e confortar os soldados. Isto é, confortar trinta e nove deles, pois um único legionário desistira de enfrentar o frio e se dirigira à sala de banhos. Morreu assim que tocou na água quente. Por outro lado, o sentinela que assistira à chegada dos anjos se arrependeu de estar escondendo sua condição religiosa, jogou longe as armas, ajoelhou-se, confessou ser cristão tirando as roupas e se juntou aos demais. Morreram quase todos congelados.

Apenas um deles, bastante jovem, ainda vivia quando os corpos foram recolhidos e levados para cremação. A mãe desse jovem soldado, sabendo do que sentia o filho, apanhou-o no colo e seguiu as carroças com os cadáveres. O legionário morreu em seus braços e teve o corpo cremado junto com os companheiros.

Eles escreveram na prisão uma carta coletiva, que ainda hoje se conserva nos arquivos da Igreja e que cita os nomes de todos. Eis todos os mártires: Acácio, Aécio, Alexandre, Angias, Atanásio, Caio, Cândido, Chúdio, Cláudio, Cirilo, Domiciano, Domno, Edélcion, Euvico, Eutichio, Flávio, Gorgônio, Heliano, Helias, Heráclio, Hesichio, João, Bibiano, Leôncio, Lisimacho, Militão, Nicolau, Filoctimão, Prisco, Quirião, Sacerdão, Severiano, Sisínio, Smaragdo, Teódulo, Teófilo, Valente, Valério, Vibiano e Xanteas.

Fonte: www.oarcanjo.net

sábado, 9 de março de 2013

Santa Francisca Romana


09/03 - Francisca Bussa nasceu em Roma, no bairro de Parione, um dos mais centrais da cidade, em 1384 e foi batizada na Igreja de santa Inês da Praça Navona. Seu pai pertencia à nobreza da cidade e fazia parte do grupo que foi marginalizado em 1398, quando o Papa Bonifácio IX reafirmou seu próprio poder político na cidade. Menina esperta, devota e pouco amante dos jogos e entretenimentos de sua cidade, Francisca, que, segundo parece, já havia mostrado seu desejo de consagrar-se a Deus, foi prometida em matrimônio com apenas doze anos a Lorenzo dei Ponziani, descendente de uma rica família de mercadores de grãos e de gado que residia no Trastevere. O matrimônio não desejado provocou na jovem uma violenta reação nervosa que se traduziu numa misteriosa enfermidade que a fez temer por sua vida e que levou seus desesperados pais a recorrer às artes de uma curandeira. Contudo, a jovem se opôs enfaticamente a ser tratada com esses cuidados, sendo reconfortada com uma visão de santo Aleixo que a tranqüilizou anunciando-lhe paz interior e saúde física.

Todavia, pôde encontrar consolo na nova casa onde foi morar com sua cunhada, Vannozza, mulher devota e sensível que, por sua vez, morreria em odor de santidade. As duas cunhadas buscaram, deste modo, transformar sua rica casa do Trastevere num lugar de acolhida para todos os necessitados. Os numerosos testemunhos recolhidos durante o processo que foi instruído imediatamente depois de sua morte (1440) nos oferecem um quadro vivo em que sua “santidade do cotidiano” se explica em todos os seus detalhes. Assim é que surgiu o perfil de uma mulher preparada para conduzir a casa, boa administradora doméstica, porém, sempre disposta a sacrificar o supérfluo para poder ajudar aos pobres. Deste modo, o melhor vinho era oferecido aos enfermos e em momentos de carestia os silos da casa Ponziani se enchiam milagrosamente para que Francisca pudesse ajudar os necessitados.

Apesar de ter que dirigir uma numerosa criadagem, ocupar-se do marido – que durante as tardes a distraía da oração para oprimi-la com seus problemas de mercado e negócios familiares -, cuidar dos filhos (dos quais conhecemos a três, ainda que só um chegou à idade adulta), Francisca conseguiu dedicar parte de sua jornada a Deus. Incansável, preparava comida e medicamentos para os enfermos dos diferentes hospitais de Roma, especialmente para o de Santa Maria in Cappella, fundado pelos mesmos Ponziani e acorria diariamente a atender aos enfermos, crescendo sua fama na cidade. Chama a atenção que os testemunhos não tenham visto nas curas de Francisca mais que o aspecto taumatúrgico, todavia também devem mencionar-se seus conhecimentos medicinais: chegaram até nós as receitas de Francisca de alguns ungüentos de ervas, capazes de desinfetar e curar feridas.

Porém, Francisca se distinguia de suas contemporâneas também pela modéstia em seu modo de vestir e por sua aversão às vanas ostentationes: em definitivo, aparecia como uma mulher que escutava as pregações de homens como Bernardino de Siena, pelas praças, contra o luxo feminino. Francisca, de sua parte, vestia-se sempre de escuro, evitava os vestidos de seda e não usava nem jóias nem outros adornos supérfluos.

Francisca não se limitava a viver segundo o ensinamento de Cristo e de sua Igreja, mas também desejava converter a quem tinha ao seu redor, em primeiro lugar as amigas e conhecidos. Também sua atividade visionária foi posta a serviço desta obra moralizante: sua mais célebre visão – na qual viu o inferno e o purgatório – está cheia de imagens assustadoras, de horríveis tormentos para os que cometem pecado. Porém, os pecadores de Francisca têm pouco em comum com os descritos no além de Dante, ainda que recolha deste alguns ecos nas suas visões. Segundo Francisca, são castigados os “grandes” pecadores (adúlteros, assassinos, hereges, etc.), mas também as mulheres superficiais, as mulheres amantes do luxo, as viúvas incapazes de guardar (observar) a castidade, os mercadores que vendem produtos de má qualidade enganando o povo. Indubitavelmente, as exortações e obras de Francisca deram seus frutos, já quem em 1425 fundou, com algumas companheiras, uma comunidade feminina de oblatas que se submeteram à direção espiritual dos Olivetanos de Santa Maria Nova, célebre abadia no Foro Romano, pertencentes a uma congregação beneditina reformada que, naqueles anos, gozava, mais que os mendicantes dos favores da alta classe romana. Este grupo de mulheres viveu durante alguns anos na mesma casa, porém, dedicando-se ao serviço dos necessitados; até que 1433 foi adquirida uma casa no bairro de Campitelli que seria o primeiro núcleo do que hoje se conhece como mosteiro de Tor de Specchi.

Mais tarde, ainda que não saibamos exatamente quando, Francisca também ditou algumas normas para a sua comunidade, que, segundo se diz, lhe foram inspiradas diretamente pela Virgem. Nessas normas de vida reflete-se o senso de decoro próprio da nobreza urbana dos inícios do século XV: na mesa o uso de toalhas e guardanapos; as mulheres podiam banhar-se com a permissão da superiora e beber vinho, se em quantidades moderadas; se se tinha que receber parentes do sexo feminino não se devia perder tempo com falatórios inúteis e era proibida a recordação do tempo passado no mundo, assim como cantar canções mundanas, etc.

Morto seu marido, com o qual nos últimos anos havia mantido uma vida de absoluta castidade, a fundadora de Tor de Specchi pôde, em 1436, unir-se às suas companheiras. Morreu quatro anos depois, aos nove de março de 1440, em sua casa no Trastevere onde tinha ido visitar o filho e a nora e onde havia rechaçado, mais uma vez, os préstimos de uma curandeira. Seus funerais, em Santa Maria Nova, atraíram uma multidão e, de repente, numerosos milagres se deram junto de seu túmulo.

Em treze anos foram autorizados três processos sobre a vida, virtudes e milagres de Francisca (1440, 1443 e 1451-453), e, graças a este riquíssimo material, foi possível reconstruir não somente sua vida e espiritualidade, mas também seus dons visionários. Já falamos de suas visões do outro mundo, contudo, também são numerosas – mais de cem – as que lhe atribuiu o seu último confessor, Giovanni Mattiotti, clérigo de Santa Maria in Trastevere, que as recolheu “por obediência” tal e qual a santa lhas narrou: alimentadas na pregação ouvida na Igreja e em suas piedosas leituras, as visões de Francisca eram marcadas pelo ano litúrgico. Algumas dessas mostram a viva participação da mulher na vida política e religiosa de seu tempo: vivendo em primeira pessoa os trágicos acontecimentos que sacudiram Roma (o marido foi ferido e o filho tomado como refém nos tempos em que o rei Ladislau de Nápoles conquistou a cidade), Francisca viu mais de uma vez o castigo divino contra sua pátria. Não menos sofrimentos lhe causaram os rumos tomados pelo Concílio de Basiléia, de modo que, inclusive, chegou a enviar – sem êxito – seu confessor a Eugênio IV para convencer-lhe de chegar a um acordo com os padres conciliares.

Não obstante no processo de 1451-1453 se delinear um retrato de Francisca perfeitamente ortodoxo e adornado de todas as virtudes cristãs, ela encontrou opositores à sua canonização, que então não pôde ser celebrada. Seria somente em 1604, depois da reforma das normas de canonização pelo Concílio de Trento, que sua causa foi reaberta por expresso desejo de Paulo V Borghese, que tinha mantido estreitas relações com as famílias que haviam apoiado as oblatas de Tor de Specchi e conservado zelosamente a memória de Francisca.

Naquela época, por outro lado, Francisca gozava da fama de santidade até a ponto de que sua festa era recordada nos estatutos da cidade e sua memória celebrada regularmente na vigília de 9 de março. Sua canonização, em 1608, foi uma grande festa na cidade, porém, a partir de então, Francisca perdeu cada vez mais suas características de santa da nobreza urbana, que inclusive lhe haviam valido o nome de santa Francisca Romana, para assumir os traços esteriotipados de uma santa da época da Contra-Reforma.

Sua iconografia, riquíssima, remonta-se aos decênios seguidos imediatamente à sua morte, quando a casa de Tor de Specchi foi embelezada com dois ciclos de afrescos: num se ilustra a vida e os milagres da santa, noutro suas visões e inumeráveis tentações do diabo. A partir do século XVIII começou a ser representada, cada vez com mais freqüência, em companhia de são Bento de Núrsia, patrono dos Olivetanos, ou também com o anjo da guarda que lhe havia acompanhado durante muitos anos após a morte de seu filho Evangelista.

Fonte: www.paroquiaolivetanos.com.br

sexta-feira, 8 de março de 2013

São João de Deus



08/03 - São João de Deus nasceu no dia 08 de março de 1495, em Montemor-o-Novo, Portugal. Fugiu de sua casa aos oito anos de idade e durante sua vida foi pastor, soldado, vaqueiro, pedreiro, mascate, enfermeiro, livreiro e santeiro. Conta-se que sua mãe morreu de tristeza e de saudade do filho desaparecido, e que seu pai se fez monge. Viajou por toda a Europa, e quando retornou, em 1538 montou uma livraria em Granada, Espanha.

Neste mesmo ano, São João d'Ávila também estava em Granada pregando o Evangelho e São João de Deus teve a oportunidade de ouvi-lo pregar. Impressionado com o sermão sobre o mártir São Sebastião começou a gritar pedindo perdão e misericórdia a Deus pelos seus pecados, e decidiu vender tudo o que possuía.

Ficou conhecido como louco, pois andava maltrapilho, e vagava pelas ruas, batendo no peito e confessando seus pecados. Levaram-no à presença de São João d'Avila, que o encaminhou a um hospício da redondeza aconselhando-o a dedicar-se as coisas de Deus. Sua melhora foi logo notada.Conseguiu sair do hospício em 1539, passando então a ajudar aos outros doentes do hospício dedicando totalmente sua vida aos desvalidos como enfermeiro. Fundou vários hospitais, onde os doentes eram tratados como seres humanos e como filhos de Deus. Juntaram-se a ele, colaboradores que deram origem aos irmãos dos Enfermos.

Em 1549 contraiu uma grave doença que escondeu dos médicos com medo que não o deixassem mais trabalhar até que foi descoberto quando já não conseguia mais esconder, mesmo assim só conseguia pensar em ajudar os outros. Morreu em 1550 no dia 08 de março, de joelhos a rezar. Leão XII e declarou "Patrono dos Hospitais".