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sábado, 19 de novembro de 2011

Santa Inês de Assis



19/11 - É impossível passar por este dia, dia de Santa Inês de Assis, sem sentir a alma inundada de alegria e de profunda comoção. Nasceu em Assis, em 1197. Irmã carnal de Santa Clara de Assis (três anos mais nova), Santa Inês chamava-se Catarina na casa paterna. Com quinze anos apenas, abandona a família, os amigos, as riquezas, o brasão nobre e o futuro brilhante..., e atira-se destemida à aventura divina.


Com quinze anos apenas!...


Se Clara foi a primeira Clarissa e a fundadora da nossa Ordem, Santa Inês foi o segundo elemento desta nossa Família Sagrada, sem dúvida a mais fiel discípula de Clara, a primeira jovem que teve a ousadia de trilhar os caminhos altos de Clara, no seguimento de Cristo pobre e crucificado.


Em Santa Inês encontramos uma vocação forte, combativa e perseverante; nela admiramos o perfil de uma mulher que tudo enfrentou, até ao fim, com uma fortaleza de carácter e uma firmeza de ânimo fora do vulgar; nela contemplamos o vigor evangélico de uma jovem que não recuou perante nada, para seguir a Cristo na total doação. Com quinze anos apenas dá-nos uma lição gloriosa de coragem, de ousadia e de amor, uma lição de maturidade e de heroísmo, uma lição única que ilumina o mundo e os séculos com a beleza incomparável do Evangelho de Cristo.


Conta Tomás de Celano, na Legenda de Santa Clara: «...Dezesseis dias depois da conversão de Clara, Catarina, inspirada pelo divino Espírito, dirigiu-se pressurosa para junto de sua irmã e comunicou-lhe o segredo da sua decisão: consagrar-se inteiramente ao Senhor. Abraçando-a com intensa alegria, Clara exclamou: “Dou graças ao Senhor, querida irmã, porque atendeu a minha oração a teu favor”.


À maravilhosa conversão seguiu-se uma não mesma maravilhosa defesa da mesma. Sucedeu que, enquanto as felizes irmãs seguiam as pegadas de Cristo na Igreja de Santo Ângelo de Panzo e Clara, já com mais experiência, iniciava a sua irmã e noviça, os familiares levantaram-se contra elas e começaram a persegui-las.


Quando se aperceberam de que Catarina tinha passado para o lado de Clara, juntaram-se doze homens no dia seguinte e, cheios de fúria, dirigiram-se para o local. Exteriormente fingiam uma visita pacífica, mas no seu íntimo tinham urdido um plano malvado. Tendo já antes perdido toda a esperança de demover Clara da sua decisão, dirigiram-se a Catarina e interpelaram-na: “O que vieste fazer a este lugar? Prepara-te depressa para regressar a casa conosco!”


Quando ela respondeu que de maneira nenhuma estava disposta a separar-se de sua irmã Clara, um dos cavaleiros precipitou-se para ela. Enfurecido e à força de socos e pontapés, tentou arrastá-la pelos cabelos, enquanto os outros a empurravam e lhe pegavam pelos braços. Vendo-se a jovem arrebatada das mãos do Senhor como presa de leões, gritou por socorro: “Querida irmã, ajuda-me e não permitas que me separem de Cristo Senhor”. Enquanto os salteadores arrastavam violentamente a jovem encosta acima, rasgando-lhe os vestidos e deixando atrás de si os cabelos arrancados, Clara, banhada em lágrimas, orava. Pedia que a irmã se mantivesse firme e constante e que nela o poder divino superasse a força dos homens.


De repente, aquele corpo caído no chão tornou-se tão pesado que o esforço daqueles homens não foi suficiente para o transportar para o outro lado dum riacho que ali passava. Mesmo com a ajuda de outros, que dos campos e vinhas acorreram ao local, não a conseguiram levantar do solo.


Quando, já cansados, desistiram do seu intento e não querendo aceitar a evidência do milagre, comentaram jocosamente: “Não admira que pese tanto, passou a noite toda a comer chumbo!”
Monaldo, tio paterno, desesperado e furioso, levantou os braços com a intenção de lhe acertar um soco brutal. Mas quando levantou a mão sentiu uma dor muito forte, que o incomodou durante muito tempo.


Depois de tanto sofrimento, Clara aproximou-se e pediu aos parentes que desistissem dos seus intentos e lhe confiassem Catarina que jazia ali morta. E, enquanto eles, mal humorados, se afastaram sem terem logrado os seus intentos, levantou-se Catarina cheia de alegria. Feliz por ter travado o primeiro combate pela cruz de Cristo, consagrou-se inteiramente ao serviço de Deus»

Tal é a têmpera desta clarissa, nobre de sangue e de vida, irmã mais nova de Clara. Em memória de Santa Inês, virgem e mártir, que aos doze anos de idade derramou o seu sangue por amor de Cristo, Francisco muda o nome da jovem Catarina de Offredúccio para Inês.


Para Inês de Assis o nome diz tudo. Com alegria e amor imensos abraçou prontamente a Pobreza, a Castidade, a Obediência e a Clausura, sendo um modelo evangélico para todos.


Quarenta e dois anos viveu ela, humilde, pobre, penitente e silenciosa na clausura. Uma vida totalmente entregue por amor a Cristo. Durante anos desempenhou o cargo de superiora no Mosteiro de Florença, mas partiu para a eternidade já no Mosteiro de S. Damião, em 1260, poucos dias depois da morte de sua irmã Santa Clara.