domingo, 23 de maio de 2010

São Guiberto de Gembloux


23/05 - Guiberto nasceu em 892. Era filho de Lietoldo e de Osburga, ambos nobres e muito antigas famílias de Namur. Sigeberto de Gembloux, que lhe escreveu a vida, diz, referindo-se à fase da infância do santo.

Era uma arvora que devia dar ótimos frutos e elevar-se nos adros da casa do Senhor tão altaneira como os cedros do Líbano, ao que ajuntou um comentador: "Assim, não podia de ter excelente raiz."

De tanto pensar nas palavras do Evangelho, que diz que é "mais fácil um camelo passar pelo buraco duma agulha do que um rico entrar no reino dos céus", acabou por renunciar aos bens todos de que era possuidor e abraçou a pobreza a abraçou, com grande carinho, a pobreza, aquela pobreza tão querida de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Em 936, doou as terras que tinha em Gembloux a Deus, a São Pedro e ao mártir Exúpério, para que nelas fosse construído um mosteiro, mosteiro que, nem bem se erguera, logo principiou a ser muitíssimo procurado.

O santo fundador adotou para a nova comunidade a regra de São Bento. Mas, humilde que era ao invés de se fazer abade da casa, sobre outro, Erluino, lançou aquele cargo, retirando-se para a abadia de Gorze, então gozando de grande renome, debaixo da direção do Abade Agenoldo.

Em Gorze, São Guiberto atirou-se com todo ardor que o consumia a todos os exercícios da penitência e da vida contemplativa. Caminhava ele tão rapidamente no estreito caminho que leva ao céu, que o demônio, agastado, procurou tirá-lo da senda certa. Denunciado ao imperador Otão I como culpado de ter lançado mão das terras de Gembloux, para ali fundar um mosteiro, ilegalmente, porque era feudo do império, foi obrigado a deixar a vida, que lhe corria doce amável, para comparecer diante de Otão.

São Guiberto foi despreocupado. Pensando no dito do Evangelho, que aconselha: "Quando fordes citado entre dois reis, não penseis no que tereis de dizer, nem como o direis, porque vos será dado na hora", o santo, ao imperador falou calmamente e com muita simplicidade sobre o que fizera.

Por tanta confiança na Providência, Deus o abençoou: Otão, todo convencido da boa ação de tão leal e sincero homem, ratificou o estabelecimento da nova fundação, indo ao cúmulo de, muito liberalmente, enriquecê-la de consideráveis privilégios. Desde então, o demônio, encolhido e decepcionado, jamais ensaiou outra arremetida, deixando o santo em paz.

Quando faleceu o santo fundador de Gembloux, os monges daquela casa se sentiram esmagados por imensa dor. E, já que não o tiveram consigo em vida, determinaram tê-lo no mosteiro depois que se fora para Deus. Alguns monges, então, estabelecidos aquele ponto, partiram para Gorze. Ali chegando, exprimiram o desejo de ver sepultados entre eles os restos preciosos do amado fundador.

O abade, comovido com o pedido, feito em lágrimas, concedeu a permissão para que transportassem o corpo de São Guiberto.

Com muito carinho e muita unção, embalsamaram o corpo querido, depositaram-no num carro puxado por alguns bois, e partiram.

Ora, a população de Gorze, vendo que lhe levavam aquele que tinham como santo e protetor, interpôs-se no caminho, envidando todos os esforços para que não se realizasse aquela trasladação.

Poucos, muito poucos para resistir ao cerco que fizeram os de Gorze, os monges de Gembloux só tinham uma coisa a fazer, para que a viagem que haviam empreendido não redundasse no mais completo fracasso: rogar a Deus que os auxiliasse naquele embaraço. E, se pensaram, melhor o fizeram: quando os ânimos dos de Gorze se iam exarcebando, elevou-se tão violenta tempestade, fazendo-se terrivelmente escuro, que todos os exaltados, cheios de temor e confundidos, largaram a fugir, deixando o campo livre para os monges, que não esperaram um minuto para picar os bois e partir.

Sepultado na igreja do mosteiro de Gembloux, inúmeros milagres, incontinenti, atestaram a santidade do santo, atraindo multidões ao seu túmulo.

Fonte: Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume IX, p. 137 à 139

Nenhum comentário:

Postar um comentário